terça-feira, 20 de abril de 2010

Proposta 2 - Alberto Caeiro





Por último Alberto Caeiro, viveu toda a sua vida como camponês, quase sem estudos, tendo só a instrução primária, contudo é considerado o mestre dos heterónimos, mesmo pelo próprio ortónimo, Fernando Pessoa. Morreu de tuberculose. Era uma pessoa simples, que acreditava que os seres eram o que são e nada mais. É contra a metafísica e contra a interpretação do real pela inteligência, para ele o real é exterioridade e não devemos acrescentar impressões subjectivas. A sensação é a única realidade.
O poema pertencente à obra “Guardador de Rebanhos”, foi representado na tipografia, com o elemento principal a ser uma árvore. Árvore que se refere à natureza, ao facto de ele ser camponês, à paz de espírito. A calmia que aparenta a tipografia, é a tranquilidade que é vista pelos olhos, sem o pensamento que Caeiro tanto odeia. As estrofes voam ao sabor do vento, porque tudo é natural e tudo é descrito sem pensar.

Proposta 2 - Ricardo Reis




No que diz respeito a Ricardo Reis, médico de profissão e emigrado para o Brasil. Monárquico de convicções, deixou Portugal aquando a instauração da república. Outra característica de Ricardo Reis, era de ser latinista e de simbolizar a herança clássica na literatura ocidental. Este heterónimo aceita com calma e lucidez a relatividade e a fugacidade das coisas e a fatalidade do destino.
Este poema “Vem ter comigo, Lídia” é um dos poemas mais completos de Reis, que permite mostrar as suas características. No inicio do poema há um desejo epicurista de fruir o momento presente, depois há uma renúncia ao próprio gozo desse fugaz momento que a vida é bela, e no final há uma explicação dessa renúncia como única forma de anular o sofrimento causado pela antevisão da morte.
Na tipografia foi representado o rio, que sugere passagem, efemeridade e morte. A expressão “beira-rio” também demonstra o mesmo. Quando o rio desagua no mar, a vida desaba. “E sem desassossegos grandes” refere-se à inevitabilidade da morte. O poema está transcrito no céu. E assim, toda a paisagem é uma passagem, sem preocupações, eliminando as paixões e desejos, com uma paz e imperturbalidade de espírito, tudo característico da ataraxia. Não fosse essa a corrente filosófica de Ricardo Reis.

Proposta 2 - Álvaro de Campos







Esta proposta consistia em traduzir poemas e textos dos heterónimos de Fernando Pessoa em modelos tipográficos à nossa escolha. A tipografia é importante para quem pretende expressar uma mensagem visual.
O primeiro heterónimo a ser explicado é Álvaro de Campos, engenheiro de profissão, com uma educação inglesa. Apesar de ser português, tem a sensação que é estrangeiro em qualquer parte do mundo. O poema representado “Ode Triunfal”, pertence à fase Futurista de Álvaro de Campos. Em que o heterónimo acreditava nos poderes das máquinas, na evolução industrial e nos progressos científicos. Álvaro de Campos é consumido por esse pensamento.
Em relação à representação tipográfica, sendo este um poema da fase futurista, Álvaro de Campos celebra o triunfo da máquina e da civilização moderna. Sente praticamente uma atracção erótica pelas máquinas, símbolo da vida moderna. Na tipografia dá-se especial atenção ao “R”, das rodas, do barulho, do movimento e da histeria. O “RRRR eterno” está repetido, bem como está desenhado implicitamente duas rodas dentadas, metálicas, e fruto das invenções progressistas. Também é dada especial importância à palavra “engrenagens” que tem a ver com as rodas metálicas e vem no mesmo sentido da evolução da máquina. Contudo um dos principais aspectos desta tipografia é a repetição e o tamanho dado à palavra “Fúria”. Uma fúria pelo progresso, inovação, desenvolvimento, pela técnica, mas também pelo excesso de sensações, o de sentir tudo de todas as maneiras, como está presente no poema.